Existem 4 mulheres dentro
de mim.
A mulher que habita um
corpo. Forte, vigoroso, feito para aguentar maremotos, tufões e rajadas de
vento. Um corpo atlético e flexível que precisa de movimento para se sentir
vivo.
Essa é uma mulher sensual,
com uma presença física, marcada, com uma beleza natural.
Essa mulher é terra.
Terra com cheiro de chuva.
Ela anda escondida dentro
de mim. Sem energia, sem vigor. Diria até: abafada.
Há a mulher cabeça. Pipa,
avoada. Que vive no terreno do pensamento. Se alimenta da imaginação. Essa é a
que domina minha vida desde sempre. Nasci sendo só ela. Desenvolvi as outras ao
longo da vida, por pura necessidade.
Minha cabeça não para, nem
quando estou dormindo. Sou assim desde criança. As vezes a noite exercitava
meus sonhos, só pra não perder o fio de alguma história que me alimentava.
O pensamento me alinha, me
bota no prumo, me liberta. É nele que me identifico, que me sinto eu.
Essa mulher é etérea,
habita no corpo por imposição planetária.
Poderia pairar apenas. Sua
existência precede o corpo.
Essa mulher é ar. Pode ser
brisa, vento ou tufão.
Há aquela que nasceu de uma
identidade. De precisar ocupar um lugar no mundo. A mulher que faz, que se
relaciona. A pessoa capaz de criar vínculos e de fazer dessa uma habilidade tão
poderosa, que a sustenta.
Essa é uma mulher que sabe
costurar emoções e que habita nesse
território do que a gente vira depois que cresce!
Aquela que a gente diz ser no mundo. Eu sou a psicóloga. A médica de
segredos. A que habita de carona na emoção alheia. Eu sou co piloto do processo
de vida dos outros.
Meus pacientes: Pessoas
com coragem suficiente para mergulharem sem seguro, nem paraquedas nessa
aventura que é desvendar-se a si mesmo!
Essa mulher é água. E ela
sempre encontra o caminho pro mar!
Há ainda uma delas que
nasceu faz pouco tempo. É a mais jovem de todas!
Guerreira, feroz e por vezes
um excesso. Excesso de tudo: amor, apego, proteção, orgulho.
De todas é a mais
desmedida. A que sem dúvida não encontrou o tom, a medida.
Ainda não sabe ser no
mundo, e talvez jamais saberá. Sofre se presa e piora se liberta.
Nasceu paradoxal e essa é
sua verdadeira natureza.
Essa mulher é fogo. Um
fogo que aquece mas pode queimar. Um elemento masculino, numa função feminina.
Um hibrido de criador e criatura, dançando numa mesma figura. : essa mulher é
mãe.
Meu desafio do ano é
juntar as quatro numa mesma pessoa. Deixar a pipa voar, criar, testar o
universo das artes, ter novos desafios, mas que ela habite num corpo com tônus,
forte e flexível para transitar nas quatro linhas com desenvoltura e elegância.
Preciso ser mãe: estar
presente, educar, amar e acolher. Participar. Quero ver de perto meus filhos
crescerem fortes e aptos para felicidade.
Quero continuar psicóloga
e estar junto daqueles que me deixam entrar
num terreno tão valioso quanto seu universo interno.
Quero enfim, juntar os 4 elementos e me sentir uma só!
Quero enfim, juntar os 4 elementos e me sentir uma só!