domingo, 3 de março de 2013

Rascunhei meu desejo


É interessante esse exercício de conectar com desejo. Invariavelmente no consultório eu faço esse mesmo exercício com meus pacientes. Observando-os girar atrás do próprio rabo, sem saber ao certo o que estão buscando, eu proponho, assim como um arquiteto, que façamos juntos um desenho.
Começamos então a rabiscar um pouco desse desejo até que ele assuma uma forma. Como uma tela em branco que aos poucos ganha contornos até mostrar uma figura.
Quando a tal figura aparece, fica fácil ir pro mundo a sua procura.
Agora tô eu,  aqui sentada na frente desse computador tentando desenhar um desejo e ver se ele se aplica a realidade.
Meu desejo começa com uma fome de estreia, uma vontade de ser estrangeria. Olhar uma paisagem nova, me sentir insegura nas estradas desconhecidas, sair da zona de conforto.
Uma nova formação me daria isso? Uma viagem? Um novo grupo de estudos? Algum curso de arte no Parque lage?
 Cursos... já deixaram de ser grandes novidades para mim, viraram rotina! Ok! Vamos viajar então.
Estar em terra desconhecida me tira do eixo,  me faz perceber o quão pequeno somos, me faz rever minhas verdades, prioridades, minha rotina.
A figura aos poucos vai tomando corpo, decodificando a vontade de redefinir minhas fronteiras.    
Quero calor, sol e vento batendo no rosto. Quero a sensação de movimento. Não quero me sentir sufocada por grandes centros urbanos.
Quero levar as crianças comigo. Por pura onipotência de não confiar em ninguém para deixa-las aqui.
Bom! Vou dormir agora com o desejo pontilhado. A vontade rascunhada. Quem sabe  meu inconsciente inquieto, me ajude a encontrar um destino?