sábado, 28 de junho de 2008

Medo da Vida não Vivida

Outro dia comentei que estava com medo...
Pediram-me então pra falar sobre o medo...
Primeiro achei difícil...Será que era medo de falar dos próprios medos?
Mas percebi que não sou uma pessoa de ter muitos medos.
O engraçado é que isso não me torna nem corajoso nem menos medroso.
Afinal, a ausência de medo pra mim é um estagio de iluminação impar, ou, de alucinação impar.Como não me considero um iluminado, prefiro sentir medo.

Não sou de sentir muitos medos, mas acho que sou de sentir grandes medos.
Afinal, o que define um grande medo de um pequeno medo?
Chamo de "grandes" aqueles medos que não são efêmeros:
Medo de barata, de tomar um "não" quando se quer ouvir um "sim", medo do "ridículo", enfim, medos, menores. Efêmeros porque passam de uma maneira ou de outra, você recebendo "sim" ou "não".
Apesar disso, eles voltam, talvez pra fixar a lição...
Estes medos fazem parte da vida. E esses eu sinto também! Só que aprendi a não dar tanta importância...
E quando você percebe isso é ate legal "brincar de ser corajoso" enfrentando esses "pequenos medos".

Para falar de um medo "grande" escolhi o"medo do leito de morte". Não confunda, não é medo de morrer.
É medo, de chegar no meu leito de morte - e falo daqueles melhores possíveis, bem velhinho, cercado de familiares e pessoas queridas - e naquele momento olhar pra trás e perceber que não me orgulho do que vejo.
Acho que nesse momento, os verdadeiros valores vem à tona, e todos esses medos "efêmeros" deixam de existir.
Não acho que medo do ridículo, da rejeição, ou de barata façam o menor sentido pra alguém nessa condição.
Acho que alguém nessa condição me diria: "Enfrente seus medos, pois o mais importante é viver a vida de acordo com seus valores.” Viver a vida com amor, sonhar e fazer tudo para realizar estes sonhos.
Basta ficar atento para suas escolhas, pois são elas que vão formar a grande história que você vai rever lá na frente, a qual deve ou não se orgulhar.

Destemido Walace

quarta-feira, 25 de junho de 2008

A Vida é mesmo uma Roda Gigante

O medo do desconhecido é um argumento “coringa”, nas sessões de terapia. Ele parece caber como uma luva, para qualquer situação onde dizemos que queremos mudar mas não saímos do lugar.
O medo do desconhecido é a desculpa que contamos pra nós mesmos quando estamos paralisados.
Confesso que desconfio desse argumento. Acreditar que algo me impede de ir a diante pelo simples fato de não saber o que irei encontrar, me soa frágil, até absurdo!
Perceber que não avanço se não tenho um script do que irá acontecer, ou que só estarei disposta a mudar se tiver certeza que irá funcionar, me soa covarde, débil até. Eu não gosto de me sentir assim. Me dá uma sensação horrível de ver a vida passar, como se eu fosse uma mera espectadora.
A vida não é um teste drive, não oferece certezas nem um cheque em branco. Pra mim é basicamente: acreditar e arriscar! Como diz minha irmã Carol, a vida é uma roda gigante, nunca sabemos onde ela vai parar e quem vai entrar ou sair do nosso vagão. Sábias palavras!
Medo do desconhecido é um disfarce tosco para definir o pânico que sentimos por coisas bem conhecidas. Coisas como a morte, fracasso e a solidão. Ficamos paralisados com a possibilidade de encontrá-las ali adiante. Fugimos disso como diabo da cruz!
Em alguns momentos, me vejo vivendo como se a vida fosse para sempre, como se as pessoas não envelhecessem , como se tudo estivesse sob controle, como se o tempo não passasse. Então posso adiar aquele sonho, aquela viagem, aquele projeto. Vou empurrando com a barriga. Um dia eu faço...
Viver a vida sabendo que ela passa e que eu não tenho tempo a perder, faz com que eu assuma um compromisso maior com a minha felicidade. Já! Não amanhã ou mês que vem.
Ter medo do desconhecido é como andar no escuro. Sentir que não estou no controle. Mas fala sério, o que eu penso que controlo? Meu corpo? Minha vida? Meu trabalho?
Ok, mas como controlar um corpo que insiste em envelhecer? Não vale falar em botox, nem em plástica, isso não é controle, é reparação!
E a vida? Como controlar o rumo dos acontecimentos? O máximo de controle que eu tenho é em cima daquilo que escolho para mim.
É uma arte, essa de fazer escolhas! Escolhas bacanas exigem muito auto-conhecimento, se não, você acaba escolhendo o que os outros querem para você, o quê resulta numa verdadeira roubada!
Acabo de me dar conta que talvez seja muito mais prazeroso curtir a roda gigante girando, do que gastar uma mega energia tentando achar que sou eu que a controla. A vida realmente pode ser um parque de diversões. Só depende do ponto de vista!

sábado, 21 de junho de 2008

Universos Assimétricos

O masculino é o concreto, o feminino o abstrato.
A alma feminina tem entrelinhas, curvas, labirintos. Não é para ser entendida. É para ser sentida.
O masculino é a lógica, o preto no branco. O feminino é a ausência de razão.
Há cenas que ecoam o feminino e revelam esse duelo entre os 2 mundos: A mulher conta sua angústia ao homem. Ele escuta e aponta uma solução. A mulher se irrita, não quer solução, quer escuta, cumplicidade.
A mulher quer partilhar a emoção, o homem quer resolvê-la. O homem caminha para ação, a mulher permanece na emoção.
A mulher contém, o homem expande. O homem é o exterior, a mulher o escondido.
O homem é um botão, a mulher um controle remoto.
O cérebro do homem é focal, daí o senso de direção tão aguçado. O cérebro da mulher é multi focal por isso conseguimos falar no telefone, pagar a conta do supermercado e observar aquele casal discutindo ali na porta.Tudo ao mesmo tempo agora!
O universo feminino é subjetivo, o masculino é objetivo.
Em matéria de sexo, os homens são objetivos. Isso explica a pilha de playboys no canto do banheiro. A libido feminina precisa de algo mais que um corpo. O homem adora o pornográfico, a mulher precisa do erótico. O homem assina sex hot, a mulher gosta de 9 semanas e meia de amor. Sexo bonito, romantizado, com historinha.
Daí o striper masculino vir na versão bombeiro, marinheiro, policial. Mulher adora uma farda, estimula a fantasia.
A mulher gosta do corpo do homem, mas um corpo nu é muito pouco para alimentar a libido feminina. Por isso revista de homem nu só funciona no universo gay. A mulher precisa do adereço, de um enredo que a estimule, como se a imaginação fosse a estrada que liga a cabeça ao coração.

Tudo que há no corpo do homem há equivalente no corpo da mulher, porém a mulher tem um órgão que o homem não tem: o útero, e dentro dele cabe um homem inteirinho. São universos Assimétricos!
Mas há um encaixe perfeito entre esses dois mundos. Quando a fala silencia, os corações dialogam e os corpos se encarregam do resto!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ela fala, Eu soluciono

Após uma ótima conversa sobre as diferenças entre universo feminino e masculino, eu e o "Macho de Respeito" escrevemos algumas linhas. Aí vão as considerações do ponto de vista do "Macho". Em breve a versão Feminina.

Cena 1: a mulher se dirige ao marido à noite na cama e desata a falar: “amor, hoje eu fui naquela loja que te falei na Dias Ferreira, encontrei a Bia e ficamos...(cinco minutos falando sem parar)
Cena 2: o marido interrompe e responde: ahn, sei (querendo dizer e daí?, mas fazendo cara de compenetrado, realmente se importando)
Cena 3: a mulher então vai finalmente ao ponto e diz que comprou o tal vestido da Adriana Barra que ela viu no desfile não sei aonde e que tava amarradona para usar no casamento de sua cunhada...
Cena 4: o homem consente calado, esperando a bomba...
Cena 5: a mulher faz beicinho e diz que não está feliz com seu corpo e que não vai ficar bem no vestido etc... e que está tentando há seis meses perder aqueles 3 kg que nenhum homem percebe (Neste instante o marido pensa, então por que comprou?)
Cena 6: o marido não se contém mais, a interrompe delicadamente mas manda na lata: amor, se não emagrecer, faz logo uma lipo, eu pago pra você.
Esse diálogo é fictício mas poderia muito bem acontecer comigo. E, eu, macho provedor naquele instante em que disparei a “solução” não teria a menor dúvida de que estaria mandando bem pra KCT e que teria solucionado o problema dela.
Ledo Engano! Em 1º lugar fui um péssimo ouvinte. Em 2º lugar ela não pediu a solução e muito menos que eu disparasse que era caso para uma lipo...
Eu agiria nesta situação com a melhor das intenções: quero minha parceira feliz e vou proporcionar algo que solucionará a razão de seu descontentamento. Dentro do meu raciocínio de macho (leia-se, lógico e objetivo) estou constantemente configurado para a solução contínua de problemas. Os homens usam a fala e a linguagem para comunicar fatos e dados. A maioria dos homens “só fala quando e se tem algo a dizer”, isto é, quando quer comunicar fatos, dados e principalmente dar soluções. Isso cria sérios problemas de comunicação com as mulheres, porque a “conversa” feminina é outra, é um meio de se ligar à outra pessoa.
A mulher tem uma enorme capacidade de conversar e isso é uma coisa que a maioria dos homens encontra enorme dificuldade de entender. Posso estar amando, zelando, fazendo planos, mas, confesso que ainda não consigo simplesmente ouvir, sem expressar uma opinião objetiva tendente a solucionar a questão.
Li em algum lugar que desde os primórdios, as mulheres evoluíram agrupadas com outras mulheres e crianças dentro das cavernas sendo certo que a capacidade de construir e consolidar relacionamentos íntimos era fundamental para a sobrevivência de cada uma delas. Quando estavam fazendo alguma atividade, as mulheres falavam o tempo todo, como uma forma de se manterem unidas. Já os homens evoluíram perseguindo alvos móveis, pescando ou caçando e estas atividades exigiam como até hoje exigem, um silêncio eloqüente, porque, do contrário, espantariam a presa.
Traçando um paralelo com a mulher moderna, quando ela sai para fazer compras, ainda consegue conversar o tempo todo. As mulheres não precisam de um motivo para falar, muito menos de um propósito específico. Falam simplesmente para estarem conectadas. Fico realmente impressionado quando vejo duas mulheres passarem o dia inteiro juntas e depois ainda falarem por uma hora ao telefone. A reação comum do homem, incluindo a minha, não pode ser outra: “vem cá, não deu para esgotar o assunto durante o dia que passaram juntas?”
Naquele famoso livro “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor” existe uma afirmação baseada em pesquisas que mostram que o cérebro feminino pode produzir, sem esforço, de seis e oito mil palavras faladas por dia. E sabe qual é a produção masculina? De duas a quatro mil palavras. Em horas contínuas de falação, (14 horas úteis computando que dormimos oito horas, tomamos dois banhos diários calados e dirigimos sem falar no celular), nós homens nos calaríamos às 16:00, enquanto elas iriam até às 23:00. Haja assunto!!!!!!!!!!

Voltando ao tema, confesso que sou um profundo admirador do universo feminino e tenho a plena consciência de que um bom homem tem que saber escutar quando uma mulher fala. Não quero parecer egocêntrico para que você ache que somente sou capaz de concentrar-me em problemas e interesses sob o meu ponto de vista (objetivo e solucionável). Entretanto, é importante que a mulher tenha em mente que é muito difícil alterar nossa natureza, nosso racional e implementar de uma hora para outra a habilidade de somente ouvi-la sem contrapor uma solução, opinião, ou uma forma de resolver de uma vez o problema. Pode parecer fácil pra você, mas, para mim vai ser o 13º trabalho de Hércules.
Quero melhorar como homem, quero ter a paciência para somente ouvi-la interessadamente e sem opinar, pois acredito na máxima universal de que“ Um homem que não sabe ouvir uma mulher vai acabar por deixar de a ver, para sempre”. Como sei que o caminho para uma mudança é árduo, me dei cinco razões para lembrar de sempre escutá-la: 1) Porque ela gosta; 2) Porque ela precisa; 3) Porque é melhor saber o que ela pensa; 4) Porque ela fica feliz; 5) Porque sempre posso aprender alguma coisa.

Macho de respeito é propriedade de humanopossivel@blogspot.com.br Todos os direitos reservados. Não é a CEO do blog e é macho e espada de verdade, solteiro, namorando, tem 34 anos e é advogado no Rio de Janeiro.

domingo, 15 de junho de 2008

Inveja: A metade do copo vazia.

Hoje vou escrever sobre um sentimento incomodo, que eu evito e renego: a inveja. Foi ela que apareceu pra mim logo cedo enquanto eu lia o jornal. Saber que uma galera investiu 300 mil reais e em 10 minutos ganhou 50 mil me deixou doente. Olha que não me considero uma pessoa materialista, e nem me ligo nesse tipo de notícia, mas sei lá, isso mexeu com a minha cabeça.
Primeiro veio a crítica e uma sensação de que num mundo assim, tão desigual, as promessas de felicidade social desaparecem. Como pode se ganhar tanto dinheiro sem trabalho. Quem rala não ganha, quem especula fica rico. Depois, saí da esfera política e social e entrei de cabeça na pessoal, e digo com vergonha e sinceridade que não gostei do que vi.
Era inveja. A feia, a nojenta, a mais pura. Inveja de quem tem 300 mil sobrando para investir, inveja de quem tem “culhão” pra investir 300, ou mais no Eike Batista, inveja de quem não foi ganancioso e teve sabedoria para tirar a grana na hora que bateu 18%.Inveja, a mais pura e refinada inveja. Vou trabalhar uma vida inteira e não vou ganhar 50 mil em 10 minutos nunca! E esses putos que ficam ali especulando, ganham isso num piscar de olhos. Falo especulando por que o cara vendeu uma promessa, não uma realidade. A companhia que abriu capital ainda não tirou uma gota sequer de petróleo do solo.

Amarga, jocosa e amarela. A inveja ataca o fígado e deixa um gosto ruim na boca.
Acredito que passamos anos da nossa vida dizendo para nós mesmos que não sentimos algo assim tão vil, tão baixo. Eu definitivamente não cheguei a esse nível de espiritualidade, e não foi por falta de tentativa, eu juro. Já fiz Meditação Transcedental, yoga, Meditação com visualização, Osho, fiquei 13 anos sem comer carne de espécie alguma, e mesmo assim as emoções negativas insistem em me perseguir. Sinto raiva, inveja e ciúme. Bom, aquele que nunca sentiu isso que atire a primeira pedra!
Sinto inveja da genética de quem come e não engorda, daqueles que tem pique para malhar às 6 da manhã, e de quem acorda sem olheiras pois as minhas parecem tatuagens!
Uma vez ouvi que só temos inveja daquilo que temos capacidade de fazer. Nossa, pensando assim entro em contato com a raiva! Raiva de mim! Por que não pulo da cama às 6 da manhã direto para o pilates e dali para esteira? Por que não fecho a boca e perco esses 5 quilos que estão sobrando? blá, blá blá...
Isso me cansa e me irrita! É um jogo de frustração. Uma mente neurótica em colisão! Metade louca, desenfreada, compulsiva, metade crítica, severa e militar. Essa sou eu!
A maneira como eu vivo foi sendo balizada pelas minhas escolhas. É bem verdade que tenho minhas prioridades, e sou fiel a elas. Pensando assim, percebo o quanto sou feliz. Sou extremamente fiel ao amor e ao prazer, pois acredito que uma vida sem isso não vale a pena ser vivida. Para ser sincera, gosto de pessoas com defeitos, daquelas que sentem inveja, ciúme e raiva. Tenho medo dos bonzinhos, tenho uma sensação de que falta alguma coisa! Algo inconsistente!
Entrar em contato com a inveja é enxergar o que eu não tenho. É ver um copo pela metade e privilegiar o vazio.
Sempre haverá alguma coisa que eu não fiz, algo para preencher.Não tenho essa personalidade que privilegia o oco, a falta. Prefiro ficar com o que tenho, com que construí. É mais saboroso.
Tem gosto de brigadeiro de festa de criança, de lágrima de namorado, de pipoca no cinema.
Gosto de olhar a vida e perceber que tem metade do copo cheio e metade por encher.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Namorados

Hoje é dia dos namorados. Casais felizes e apaixonados comemoram a união com presentinhos, chocolate, jantares e motel. Se bem que motel é coisa dos anos 80, agora a casa dos pais é liberada, ou as figuras moram sozinhas e o clima “sexo escondido” ficou fora de moda.
Os solteiros ou os recém separados é que penam nessa época. No ranking da depressão, dia dos namorados, sem namorado/a só perde para o Natal. Nesse dia as pessoas se dão conta do tamanho da sua solidão. Até por que não dá para ignorar o climão casal que toma conta de todos os cantos da cidade. A porta dos restaurantes faz lembrar a entrada da Arca de Noé. Uma horda de casais humanos esperam por sua vez.

Eu particularmente adoro ver casais: Heteros, homos, jovens ou velhos. Sou bicho “casadoiro”, acredito que é dentro da relação que me enxergo melhor.
Como se o contato com o outro pudesse reforçar minhas linhas, acentuar meu contorno. É nítida a sensação de que minha relação com “A” trouxe a tona minha audácia, minha necessidade de liberdade e uma postura de confronto em relação à vida. Ao contrário da união com “B” que me mostrou toda minha caretice e necessidade de segurança. Não que eu seja camaleônica, longe disso! Mas algo da minha personalidade só se manifesta se for “chamado”, quase como uma reação ao contato. Então posso dizer que é através do outro que me mapeio melhor. Conheço meus limites, minhas ânsias e meus sorrisos.

Às vezes não funciona. Não gosto do que vejo. Não me sinto à vontade com quem me tornei dentro daquela relação. Percebo que é hora de desatar. Mas gosto de investigar o que não funcionou. O que me deixou infeliz. Aprender com equívoco, pra não fazer de novo!
Quando uma relação não dá certo quem tem coragem de abrir a “caixa preta” e dar uma boa olhada lá dentro?
Investigar dentro de si o que levou ao naufrágio desta relação é se responsabilizar pelos seus 50%, é se dar conta do quanto você contribuiu para o fim. Não adianta querer negar, e dizer para si mesmo que o outro era insuportável, inconvivível, que tinha uma família horrorosa, ou que não correspondia as suas expectativas sexuais. Pode ser que tudo isso seja verdade, mas só 50% da verdade. Olhar a caixa preta é se lapidar para próxima relação. Saber o que não quero mais é fundamental para saber o que estou buscando.
Quanto maior nitidez, melhor a busca. Mais assertividade.
Aos casais de namorados: sexo, amor e beijos na boca.
Aos solteiros, muitos beijos na boca e olhar assertivo nas escolhas!
Tudo de bom a todos!

domingo, 8 de junho de 2008

Trabalho Terapêutico

Acabo de aterrissar de um super work shop terapêutico. Para aqueles que não conhecem o termo, trata-se de um trabalho intenso de terapia, onde terapeutas se juntam e mergulham num processo punk de limpar suas feridas. Vale presente, passado e fantasias catastróficas de futuro.
Nesse processo visitamos nossos infernos e travamos verdadeiros combates com nossos demônios pessoais. É trabalho para valentes. Aliás, terapia não é para covardes, é para gente que tem coragem de enxergar o lado “trevas’ que habita em cada um de nós.
Tem uma frase que eu gosto muito e até onde eu sei é do Jung que diz mais ou menos assim: “ Só consigo levar meus pacientes até onde eu fui.” Isso para mim é como uma espécie de guia. Algo que me sinaliza que se EU sou o instrumento do meu trabalho, preciso ter “a mão” um grande repertório de emoções, fantasias e histórias de vida. Isso facilitará e muito que eu consiga entrar na história do meu paciente. Pois se ele está vivendo um momento de abandono, como irei ajudá-lo, se nunca tiver visitado as minhas situações de abandono? Preciso saber que eu sou capaz de entrar e sair da dor, caso contrário evitarei essa dor quando for trazida para o meu consultório. Dessa forma, tanto ele como eu perderemos esta oportunidade. Se nunca investiguei minhas feridas ficarei receosa de investigar no outro.
É fantástico ver e fazer parte de um trabalho assim, pois estando em grupo, nos trabalhamos mesmo quando não estamos na berlinda, mesmo quando o foco não é minha vida. De alguma forma a vida do outro joga luz na minha, e de repente algo meu entra em foco. É quase como um prisma: assim como a luz, o trabalho terapêutico se reflete em mil cores! Há uma passagem na Mitologia Grega que ilustra um pouco isso. Hades é o reino dos mortos. Quando um ser vivo entra lá a procura de um ente querido há 2 regras que não devem ser quebradas, caso contrário, a pessoa fica lá para sempre. Primeira, por mais fome que tenhas, nunca se alimente com absolutamente nada de lá e quando estiver indo embora não olhes para trás. Acredito que isso ilustra a descida aos nossos infernos. Podemos investigar, mas se ficarmos nos alimentando do que já aconteceu, acabamos prisioneiros do nosso passado.
Os trabalhos começam cedo, atravessam a tarde e só param a noite; Caixinhas de papel rolam de mão em mão e o som de nariz fungando também é uma constante. Não pense que é masoquismo, pelo contrário, é quase uma faxina. Tudo que vamos colocando pra baixo do tapete, nessas sessões tendem a subir à superfície. O mais interessante é que mesmo com dor, fazer contato com quem realmente somos é extremamente poderoso e faz a gente se sentir vivo, pulsando junto com a vida!
No final de 2 dias estamos exaustos. Porém sentimentos como amor, gratidão e compaixão também são partilhados o tempo todo. Na reta final sobram olhares de ternura, abraços emocionados e uma sensação muito gostosa de que o que realmente vale na vida são as emoções partilhadas.
Começo a semana com um sentimento bacana de orgulho. De ser terapeuta, de fazer parte de um grupo super valente de gestalt terapia, e de ter pacientes muito queridos que compartilham suas vidas comigo de forma tão profunda.
A todas essas pessoas, a minha verdadeira gratidão!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Controle Feminino

A mulher que tenta controlar seu homem faz um pacto com a frustração, até por que é uma tarefa impossível. Mesmo que criatura marque em cima, é extremante desalentador ficar no papel da mulher que cobra. Esse é o papel da mãe que educa um filho e não da namorada/esposa. Ficar neste lugar é correr o risco de virar mãe de seu homem, o que é péssimo, tendo em vista que se ele for saudável não terá tesão na mãe, logo em você.
Não sei se me fiz entender?
Existem vários papeis que encenamos dentro e fora da relação. Acredito que há um encaixe entre as pessoas. Esse encaixe pode puxar de mim o que eu tenho de melhor ou de pior. Uma pessoa pode entrar na minha vida e me ajudar a descobrir o quanto criativa eu sou, ou ela pode acessar minha baixo estima e me ajudar a ir para o buraco.
É muita onipotência pensar que podemos mudar o outro, enquadrá-lo num projeto que não é dele, é meu. Se meu projeto é que este homem esteja sempre disponível para mi, atenda todos meus telefonemas independente da hora, que ele seja romântico em tempo integral, que lembre de todas as datas importantes, que prefira estar com comigo a ver fluminense jogar, que enfim coloque tudo em segundo plano por mim, vou acabar arrumando um encosto e não um namorado!
Se eu só consigo estar feliz se houver alguém ao meu lado, é por que não sou boa companhia para mim mesma! Definitivamente estarei deixando de viver coisas extremamente prazerosas. Me atracar com um bom livro, sentar sozinha na praia, abrir o jornal, comer um biscoito Globo tomando um mate com chorinho de limão e simplesmente apreciar os tipos que passam. Colocar no ipod as músicas que eu mais gosto e dançar loucamente sem vergonha de pagar mico, ouvindo aquele pagode do SPC, simplesmente não tem preço!
A questão é: será que as mulheres realmente se apaixonariam por homens assim, tão solícitos e até dependentes? Acredito que não. É mais uma contradição do feminino: “não quero um homem assim, quero sentir que posso transformá-lo nisso.”
Ok, se você conseguir fazer seu homem virar o que você idealizava como perfeição, qual será o passo seguinte? Posso estar enganada mas apostaria na separação.
Quando “macho de respeito” fala em fechar e deixar solto ele abre para possibilidade da cumplicidade: Eu preciso sentir que o cara tá na minha, tá fechado comigo, não vai me sacanear, então eu relaxo, deixo a relação correr, fluir. Eu fico feliz e ele fica feliz!
Lógico que se o outro faz joguinho o tempo todo, não te mostra o que sente e vocês não criaram aquele espaço do “a gente na relação, não rola de deixar solto. Acho que é porque não dá a sensação de estar fechado e sim aberto, escancarado. Se as portas estão abertas para insegurança, e o outro estar solto é sinônimo de putaria você ficará o tempo todo em estado de alerta, e obvio não deixará nada solto. Mas na boa, esse tipo de relação é a maior furada, a menos que você tenha tendências masoquistas, mas aí é outro papo!
Quem olha demais para o outro está deixando de olhar para si. E aí me vem à pergunta: o que tem em você que te faz correr na direção contrária? De quem você tá se escondendo quando se olha no espelho?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Fecha e deixa Solto

Atendendo a pedidos aí está a filosofia do flanelinha postada pelo Macho de Respeito, em resposta ao texto Plural Masculino:

"Vem madame, desvira, desvira, agora fecha e deixa solto!

Toda mulher que dirige já ouviu essa frase. E se por caso ainda não ouviu, basta dar um pulo em um dos BGs, noites cariocas, fundições progressos e similares que existem por aí. É a contra prestação que nossa consciência nos faz pagar de R$ 3,00 a R$ 20,00 para estacionar nossos carros nas ruas e não ficarmos preocupados em vê-los arranhados ou com um dos vidros quebrados.Entretanto, mesmo nas maiores adversidades podemos extrair uma certa sabedoria na filosofia dos zeladores autônomos de veículos automotivos e fazer uma analogia com o relacionamento de um casal.A escritora Martha Medeiros em sua coluna semanal da revista de domingo uma vez publicou a fórmula para que os relacionamentos durassem mais do que duas ou três semanas. É exatamente sobre isso que pretendo tecer algumas considerações.Um relacionamento saudável é fechado (tô contigo, na sua, sou fiel ao que sinto e pode ter certeza que quero somente vc). Mas, me deixa solto vai!! Me deixa ir sem reclamar ao jogo do Flu em Buenos Aires, ou melhor, não só me deixe ir como me dê o empurrão final para que eu decida gastar o equivalente a cinco bons jantares com vc para ver 90 minutos de um jogo de futebol com a chance de eu sair puto da vida! Ou então, aproveitar aquela quinta feira para ir tomar um chopp inocente com uns amigos e ficar falando de amenidades. (Tá bom, tá bom, daquela nova estagiária que fulano contratou e que nunca vai comer, mas que tira onda mesmo assim)Nós homens não gostamos de interrogatório e podem acreditar, gostamos de estar entre nossos pares. Daí podem ter certeza de que não gostamos dos seguintes questionamentos: "A que horas você chegou? "Onde estava?","Porque o telefone estava desligado"?, "Porque não ligou?", "hum, mal contada essa história hein!".O que quero dizer é que nós precisamos de mobilidade. Tudo bem, não vou abusar, pode manter a rédea, mas não deixe-a a curta. Pode ter certeza, o equilíbrio é a chave e se vc souber levar vai ganhar...Um relacionamento saudável e duradouro é assim: permite empurrar pra frente, para trás, um encaixe, uma manobra, enfim, não queira puxar o freio de mão e liberá-lo somente quando quiser.Aplicando a filosofia do flanelinha vc poderá ter certeza de que ninguém invadirá o seu espaço, o seu relacionamento amoroso e se vc for flexível, souber ajustar, puxar e soltar eu vou estar na sua.Se você é daquelas que consideram o interrogatório como uma demonstração de "ciuminho saudável", um carinho ou cuidado com o seu marido, noivo, namorado ou afins pare de se enganar e pense bem antes de iniciar aquela discussão que somente vai te fazer comer uma caixa de chocolate e no dia seguinte fazer com que dobre a aula de spinning ou zerar por duas vezes o transport da academia.Não pense que estou aconselhando você a entubar tudo, longe de mim!!! Estou falando de comer pelas beiradas, sondar o terreno para ver se seu interrogatório vai ultrapassar a barreira do simples interesse para chegar no interrogatório desconfiado.Posso garantir que homens que estão fechados e ao mesmo tempo soltos são tranqüilos e maduros no seu relacionamento e não gostam de investigações detalhadas sobre o que fizeram durante aquela horinha em que o celular não estava ligado.E tenha uma coisa em mente: na esmagadora maioria das vezes onde fomos, com quem fomos, o que falamos e porque não ligamos não tem nada de interessante ou misterioso para você. A não ser que vc tenha interesse na demissão do Leão, do Cuca ou quem sabe, na contratação do lateral esquerdinha pelo Náutico. Ou então daquelas fotos da ex BBB na Playboy que evidenciaram os recém 375 ml de silicone que não apareciam durante a exibição do reality show.

FECHA E DEIXA SOLTO!!!!

ass: Macho de Respeito

domingo, 1 de junho de 2008

Carioca

Ser carioca para mim é um vício, uma adicção. Sou apaixonada pelo modo como levamos a vida, pela pouca maquiagem das mulheres, pela graça inerente em seu andar, pelo Baixo Gávea, pelas rodas de capoeira espalhadas pela cidade, pela boemia da Lapa, pelo contorno do pão de açúcar, pelos surfistas da Prainha, pela vista das paineiras!
Tem gente que torce pelo Flamengo, pelo Botafogo ou pelo fluminense. Eu torço pelo carioca. Torço de ficar roxa pra que a gente volte a ter nesta cidade prazeres corriqueiros, como dar um mergulho em Ipanema sem pegar hepatite, andar pela Lagoa sem medo de ser assaltado, ou visitar o Cristo Redentor sem ser extorquido.
Ontem fui a uma festa onde meu coração carioca se encheu de orgulho. Os Meninos da 6D estavam comemorando aniversário da empresa. 5 anos de sucesso! Uma galera que acreditou num jeito criativo de viver e conseguiu êxito profissional sem se enquadrar na caretice do centro da cidade. Os caras trabalham numa casa linda no miolo do Jardim Botânico. Na hora do almoço dá para dar um refresco na cachoeira alí do Horto e voltar pro batente com energia renovada. Alí na casa ainda funciona o escritório de arquitetura do Tiago que anda imprimindo sua assinatura e bom gosto pelo mundo e da Antonia, estilista carioquíssima com suas roupas despojadas e elegantes.
A festa era um retrato do Rio bacana: uma casa linda, com gente do bem, de idades variadas, caipirinha cerveja e Koni. De quebra showzinho do Bossa Cuca Nova. Uma música deliciosa que é a cara do Rio.

Quando saí de lá, às 4 da manhã, dirigindo pela Rua Jardim botânico em direção a Gávea contemplei novamente a beleza desta cidade, o corredor de palmeiras imperiais parecia um cartão postal com os 2 Irmãos ao fundo, lindo, lindo de morrer!
Brinco com meus amigos e pacientes que meu maior concorrente é São Paulo. Nos últimos anos perdi muitos pacientes que se mudaram para terrinha da garoa. Nada contra a cidade, mas me entristece ver o Rio se esvaziar, perder em qualidade humana simplesmente por que aqui a oferta de trabalho diminui ano após ano.
Por isso mesmo, quando me deparo com uma galera produtiva que movimenta a vida da cidade só me resta aplaudir. Aplausos para os meninos da 6D, os músicos do Bossa Cuca Nova, o dj Marcelinho da Lua e para os irmãos Antonia e Tiago.
Tutti buona gente! Todos cariocas da gema!