domingo, 8 de junho de 2008

Trabalho Terapêutico

Acabo de aterrissar de um super work shop terapêutico. Para aqueles que não conhecem o termo, trata-se de um trabalho intenso de terapia, onde terapeutas se juntam e mergulham num processo punk de limpar suas feridas. Vale presente, passado e fantasias catastróficas de futuro.
Nesse processo visitamos nossos infernos e travamos verdadeiros combates com nossos demônios pessoais. É trabalho para valentes. Aliás, terapia não é para covardes, é para gente que tem coragem de enxergar o lado “trevas’ que habita em cada um de nós.
Tem uma frase que eu gosto muito e até onde eu sei é do Jung que diz mais ou menos assim: “ Só consigo levar meus pacientes até onde eu fui.” Isso para mim é como uma espécie de guia. Algo que me sinaliza que se EU sou o instrumento do meu trabalho, preciso ter “a mão” um grande repertório de emoções, fantasias e histórias de vida. Isso facilitará e muito que eu consiga entrar na história do meu paciente. Pois se ele está vivendo um momento de abandono, como irei ajudá-lo, se nunca tiver visitado as minhas situações de abandono? Preciso saber que eu sou capaz de entrar e sair da dor, caso contrário evitarei essa dor quando for trazida para o meu consultório. Dessa forma, tanto ele como eu perderemos esta oportunidade. Se nunca investiguei minhas feridas ficarei receosa de investigar no outro.
É fantástico ver e fazer parte de um trabalho assim, pois estando em grupo, nos trabalhamos mesmo quando não estamos na berlinda, mesmo quando o foco não é minha vida. De alguma forma a vida do outro joga luz na minha, e de repente algo meu entra em foco. É quase como um prisma: assim como a luz, o trabalho terapêutico se reflete em mil cores! Há uma passagem na Mitologia Grega que ilustra um pouco isso. Hades é o reino dos mortos. Quando um ser vivo entra lá a procura de um ente querido há 2 regras que não devem ser quebradas, caso contrário, a pessoa fica lá para sempre. Primeira, por mais fome que tenhas, nunca se alimente com absolutamente nada de lá e quando estiver indo embora não olhes para trás. Acredito que isso ilustra a descida aos nossos infernos. Podemos investigar, mas se ficarmos nos alimentando do que já aconteceu, acabamos prisioneiros do nosso passado.
Os trabalhos começam cedo, atravessam a tarde e só param a noite; Caixinhas de papel rolam de mão em mão e o som de nariz fungando também é uma constante. Não pense que é masoquismo, pelo contrário, é quase uma faxina. Tudo que vamos colocando pra baixo do tapete, nessas sessões tendem a subir à superfície. O mais interessante é que mesmo com dor, fazer contato com quem realmente somos é extremamente poderoso e faz a gente se sentir vivo, pulsando junto com a vida!
No final de 2 dias estamos exaustos. Porém sentimentos como amor, gratidão e compaixão também são partilhados o tempo todo. Na reta final sobram olhares de ternura, abraços emocionados e uma sensação muito gostosa de que o que realmente vale na vida são as emoções partilhadas.
Começo a semana com um sentimento bacana de orgulho. De ser terapeuta, de fazer parte de um grupo super valente de gestalt terapia, e de ter pacientes muito queridos que compartilham suas vidas comigo de forma tão profunda.
A todas essas pessoas, a minha verdadeira gratidão!

20 comentários:

Caláu, Fenomenal disse...

"Nao pretendo nada mais para minha vida que a simplicidade de fazer o que se ama"

beijos!

Anônimo disse...

Fiquei emocionada com esse texto e na verdade sou eu que tenho que te agradecer por vc existir e por ser uma terapeuta tão comprometida com o trabalho e principalmente com os seus pacientes.
Amei o texto aliás amo todos eles mas isso eu já te disse algumas vezes né :)
Então aqui vai a minha gratidão por vc existir e principalmente a minha gratidão a vida por ter traçado um caminho para chegar até vc.
Nunca tive problemas de entrar em contato com os meus demônios vc bem sabe disso mas ninguém como vc para me colocar no meu lugar e chacoalhar esse meu mundo que eu não quero que mude.

beijos

madrinha

Unknown disse...

Mônica você é incrível!
Você tem o dom da palavra!
Ouvir de você que terapia é coisa pra valentes, me faz ter a cada dia mais orgulho e amor pela nossa profissão! Ainda mais depois do final de semana intenso que nós tivemos. Ser sua "filha" me deu a chance de me conhecer melhor, e aprender muito mais sobre o meu próprio processo!
Mais uma vez obrigada pelas suas palavras e suas impressões!
Um beijão!

Anônimo disse...

Nossa, Mônica! Fiquei bem emocionada lendo o seu texto, você colocou em palavras o que vivi no workshop! Realmente terapia é só mesmo para corajosos. O medo existe, mas não nos impede de compartilhar nossas emoções, nossas histórias e feridas! Pode ter certeza de que você está me ajudando muito, você sabe disso! De uma pessoa "crítica" (eu que achava e sei pq, né? haha) você passou a ser pra mim uma fofa, alguém com quem me sinto à vontade e com vontade de conversar! Muito obrigada!!!! Obrigada por ter literalmente entrado na minha história (no workshop) e na minha vida (no grupo de formação)!!!!

Anônimo disse...

Moniquete, posso te chamar assim? rs
Adorei o texto, realmente você descreveu muito bem o workshop. Hoje estou me sentindo como se tivesse subido o pico da bandeira. Dormi muito...estou exausta!
Bjs!

MR disse...

Amie!! Moni amada!! Agora sei o que é este sentimento de ter prazer, amor pelo que se faz!!
Vc sabe o quão intenso e relevante é o caminho trilhado por uma ascendente escorpiã, como vc, tem que aprofundar, mergulhar mesmo..andei por diversos caminhos tbm importante para a rota, mas que não eram o meu meio-do-céu (destino/dharma)porque não sentia a plenitude que agora sinto! Mto bom este "feeling" tão preenchedor que vc narra...e que estou me deliciando diariamente na busca pela verdade e o amor a justiça! Só não concordo com a questão de achar que o centro do Rio é careta..nossa! eu estou amando e acho isso tudo muito charmoso!! Obrigada por vc estar antenada e blogueira assim podemos ficar mais próximas, mesmo que em idéias!! Sou sua fã, te amo amie!! Parabéns pelas palavras!! De passinho a passinho se faz o caminho!! bjão no coração. *ps* vamos fazer uma imersão de yoga nos proximos dias 20 a 22 com Pedrão no Nirvana??

Anônimo disse...

Mônica !
Nossa, fiquei super emocionada quando li o seu texto ... e como vc escreve bem !
Acho que é exatamente isso, somos valentes !!!Ao contrário do que pensam, terapia não é para gente fraca! Fico imensamente feliz em poder compartilhar emoções e sentimentos tão obscuros com vocês todas ! Beijos, Aline Paixão !!!

Anônimo disse...

lindo, lindo, lindo!

Anônimo disse...

Mônica!! Já estou aguardando o próximo texto! rsrs
Bjsssssssss

Anônimo disse...

Me tocou demais ler esse texto1 não sou terapeuta mas faço terapia e compartilho com vc essa mesma sensação. obrigado.
não deixe de escrever.
bjs
t.f.

Amelia Clark disse...

Monica,
Que privilégio ter seus pensamentos num " click"! É sempre maravilhoso te "ouvir". Seus textos refletem muito voce que sempre me ensina tanto!
Obrigada!!!!
Beijos carinhosos,
Amelia Clark
www.expedicaoaguasdobrasil.blogspot.com

Anônimo disse...

“ Só consigo levar meus pacientes até onde eu fui.”
Nesse infinito de possibilidades, podemos também ir com eles onde nunca fomos e descobrir juntos, n a beleza, o mistério, o feio, o que funciona e o que não funciona e novas possibilidades. Uma vez uma cliente me disse que seu pai sempre dizia que Deus não dá asas a cobra e eu muito espontâneamente completei: por isso que nós humanos precisamos aprender a correr. Nunca pensei em completar um ditado popular mas junto com ela fomos a um lugar que nunca imaginávamos ir... Ela desafiando o Pai e eu minha capacidade literária. Espero que como uma boa "mestre" ser superada por meus clientes e quem sabe depois de ter ido junto com eles, possam chegar onde eu não cheguei.Desejo que consigam viver e ser mais do que consigo ser. beijocas Clau Puntel

suelen disse...

Minha querida como vc consegue retratar tão bem o que vivemos naqueles dias tão intensos...
Como esses momentos são importantes para nós terapeutas e de quebra para nossos pacientes!!!
Se todos tivessem coragem pra encarar o que nós encaramos... poderiam perceber o quão bem faz, apesar de, as vezes, doer um pouquinho.
Mas o que dizem não é que crescemos a partir do sofrimento!!!
É isso!!! adorei muito nossos trabalhos e suas belas palavras
Beijos Su

suelen disse...

Minha querida como vc consegue retratar tão bem o que vivemos naqueles dias tão intensos...
Como esses momentos são importantes para nós terapeutas e de quebra para nossos pacientes!!!
Se todos tivessem coragem pra encarar o que nós encaramos... poderiam perceber o quão bem faz, apesar de, as vezes, doer um pouquinho.
Mas o que dizem não é que crescemos a partir do sofrimento!!!
É isso!!! adorei muito nossos trabalhos e suas belas palavras
Beijos Su

Anônimo disse...

Minha querida como vc consegue retratar tão bem o que vivemos naqueles dias tão intensos...
Como esses momentos são importantes para nós terapeutas e de quebra para nossos pacientes!!!
Se todos tivessem coragem pra encarar o que nós encaramos... poderiam perceber o quão bem faz, apesar de, as vezes, doer um pouquinho.
Mas o que dizem não é que crescemos a partir do sofrimento!!!
É isso!!! adorei muito nossos trabalhos e suas belas palavras
Beijos Su

Anônimo disse...

Mônicaaa!!! Kd o próximo texto?! Ta demorando muuito!!! Rsrsrs
Bjsssssssss

Anônimo disse...

Que lindo, você escreve super bem, de forma profunda e fácil de entender.

Beijos

Anônimo disse...

Monica, depois de ler esse texto percebi o quanto estou precisando de uma terapia. Beijos
Adorei
Karina/Rossi

Fê Falcão disse...

Esse texto me comove muito! e olha que bem sei como sao esses workshops, depois de cinco anos de analise bioenergetica!!
Beijos
Fê Falcao

Fê Falcão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.