quarta-feira, 25 de junho de 2008

A Vida é mesmo uma Roda Gigante

O medo do desconhecido é um argumento “coringa”, nas sessões de terapia. Ele parece caber como uma luva, para qualquer situação onde dizemos que queremos mudar mas não saímos do lugar.
O medo do desconhecido é a desculpa que contamos pra nós mesmos quando estamos paralisados.
Confesso que desconfio desse argumento. Acreditar que algo me impede de ir a diante pelo simples fato de não saber o que irei encontrar, me soa frágil, até absurdo!
Perceber que não avanço se não tenho um script do que irá acontecer, ou que só estarei disposta a mudar se tiver certeza que irá funcionar, me soa covarde, débil até. Eu não gosto de me sentir assim. Me dá uma sensação horrível de ver a vida passar, como se eu fosse uma mera espectadora.
A vida não é um teste drive, não oferece certezas nem um cheque em branco. Pra mim é basicamente: acreditar e arriscar! Como diz minha irmã Carol, a vida é uma roda gigante, nunca sabemos onde ela vai parar e quem vai entrar ou sair do nosso vagão. Sábias palavras!
Medo do desconhecido é um disfarce tosco para definir o pânico que sentimos por coisas bem conhecidas. Coisas como a morte, fracasso e a solidão. Ficamos paralisados com a possibilidade de encontrá-las ali adiante. Fugimos disso como diabo da cruz!
Em alguns momentos, me vejo vivendo como se a vida fosse para sempre, como se as pessoas não envelhecessem , como se tudo estivesse sob controle, como se o tempo não passasse. Então posso adiar aquele sonho, aquela viagem, aquele projeto. Vou empurrando com a barriga. Um dia eu faço...
Viver a vida sabendo que ela passa e que eu não tenho tempo a perder, faz com que eu assuma um compromisso maior com a minha felicidade. Já! Não amanhã ou mês que vem.
Ter medo do desconhecido é como andar no escuro. Sentir que não estou no controle. Mas fala sério, o que eu penso que controlo? Meu corpo? Minha vida? Meu trabalho?
Ok, mas como controlar um corpo que insiste em envelhecer? Não vale falar em botox, nem em plástica, isso não é controle, é reparação!
E a vida? Como controlar o rumo dos acontecimentos? O máximo de controle que eu tenho é em cima daquilo que escolho para mim.
É uma arte, essa de fazer escolhas! Escolhas bacanas exigem muito auto-conhecimento, se não, você acaba escolhendo o que os outros querem para você, o quê resulta numa verdadeira roubada!
Acabo de me dar conta que talvez seja muito mais prazeroso curtir a roda gigante girando, do que gastar uma mega energia tentando achar que sou eu que a controla. A vida realmente pode ser um parque de diversões. Só depende do ponto de vista!

19 comentários:

Anônimo disse...

Querida,

em 1984, questionado o meu professor de mergulho, na Urca, sobre o medo que dominava naquele teste final, ele disse: "o medo é a ânsia do desconhecido"...pensei e passei na prova...Portanto, a meu ver, não se trata do medo do desconhecido, simplesmente. Há algo que pode lhe frear e isto, para mim, se encontra neste conceito de "ansiedade", algo que, de fato, pode fazer com que você fique com o freio de mão puxado. Beijo, do Figura.

Anônimo disse...

Corajosa você. Eu preciso digerir esse conceito. Quando parei pra pensar que o medo do desconhecido pode ter uma cara, várias caras apareceram pra mim. E todas elas eram conhecidas. Parabens. bjs C.T

Anônimo disse...

Texto muito bonito e muito profundo.Nao sei se o medo do desconhecido é uma desculpa para quando estamos paralisados, acho que é muito mais do que isso.É realmente uma paralização mas que nao nos torna frageis ou covardes.Tem alguma coisa por tras desse medo que precisa ser investigado mas que só podemos enxergar quando estamos devidamente preparados porque senão nao adianta o outro falar que nao vamos escutar. O primeiro passo é fazer contatocom esse medo e se perguntar esse medo está falando de que? Fala de ansiedade? Angustia? E poder ir investigando passo a passo do que isso se trata. O que eu sei é que esse sentimento é verdadeiro.Alias tudo o que sentimos é real pois os sentimentos nao sao para serem julgados e sim sentidos.
Como tava te falando, para aquelas pessoas que tem um saturno forte no mapa, o medo do desconhecido está constantemente presente. É uma não ação total, é uma limitação, mas é algo real. É como se a pessoa estivesse constantemente com medo de alguma coisa, principalmente com medo do futuro, medo de ser livre, medo de ser.Acho que apos o retorno do saturno (28-30 anos) a gente passa a ter mais consciência dos nossos medos e passamos a lidar com ele de uma outra forma. Pelo menos foi assim comigo. Passei a deixar a vida me levar e ai sim viver como se a vida fosse um parque de diversão como para os aquarianos e sagitarianos.
Beijos
Fernanda Falcão

Monica Guinle disse...

Fe, bem legal teu comentário. Pra variar , com profundidade e reflexão. Fiquei pensando que o medo só é desconhecido qd não desvendamos ele, no sentido literal de tirar o veu, desacortina-lo.
Acho que é por aí. Obrigado, bjs

Caláu, Fenomenal disse...

Nunca tinha pensado nesse lado..
e ate agora concordo 100%!!
Vai dar ainda pano pra manga pra muitas "viagens"!! boa!

Beijos!

Gostei muito da parte do ponto de vista viu? hehehehe

Anônimo disse...

minha querida seu texto me fez refletir um pouco sobre a minha vida, mas em especial um momento que eu estou passando agora, não é somente comigo o meu medo depende do medo de alguem, vou te explicar melhor.
Essa pessoa pelo que eu acreditava tinha medo do desconhecido, mas se o argumento não serve , essa pessoas precisa entrentar uma situaçao que para ela ta sendo muito dificil, ela não consegueencarar a situaçao correr atraz ir a luta, se mantendo inerte.
ai é que entra meu medo porque eu não quero ficar esperando mais eu não aguento mais esperar a esperar esta me consumindo a cada dia. o meu medo é de encarar a roda gigante da vida sozinha , somente com um filho. o que fazer? a minha decisão pode prejudicar meu filho? devo ficar esperando ele sair da inercia? ate qdo esperar? porque eu tenho certeza de uma coisa eu não quero ver a vida passar eu quero viver a vida!!!!!!!!!
beijuss pela historia espero que vc saiba quem é.

Carolina disse...

Irmã...que felicidade encontrar esse texto postado hoje aqui,além disso,me faz refletir sobre a minha vida,sobre as minhas escolhas,sobre os meus medos.Desde que me envolvi nessem projeto da Roda Gigante (peça de teatro inédita,em fase de captação),parei para pensar em muitas coisas,parei para pensar exatamente nas questões que a peça levanta: "você vai ver a vista?Olhar a vida de outro ângulo?Ou quer descer logo para o lugar de onde veio?" Isso reflete exatamente os nossos medos,como ele nos impede de tomar decisões tão importantes,como pode ser um sentimento que muitas vezes nos domina tanto,ao ponto de nos manter com os pés fincados no mesmo lugar?!Acredito, que agora mais do que nunca estou começando a viver a minha vida com a consciência de que ela não é para sempre,que não quero e não posso mais empurrar as minhas decisões e as minhas atitudes com a barriga,chega,CANSEI!!Eu não quero assumir o controle da Roda Gigante,sei que não tenho esse "poder",acho que já tentei durante muitos anos fazer isso,quero curtir essa Roda girando...quero curtir as pessoas maravilhosas que estão nessa Roda comigo,enfim...viver mais leve...mais feliz...sem medo do escuro!!Te amo irmã linda,OBRIGADA!!!Cal!

Unknown disse...

Como sempre você pegando questões importantes!

Medo é um sentimento universal e coitado de quem não tem!

Confesso que também sempre desconfiei desse negócio de dizer que o sentimento do momento é medo!
Me dá a impressão de que quando não se sabe o quê exatamente está sentindo, a primeira palavra que aparece é medo. Parece uma evitação do contato, uma tentativa de se livrar logo da pergunta “ o que você está sentindo agora?”, ao invés de sentir um sentimento mais profundo.

Desculpas esfarrapadas a parte, o medo existe e algumas vezes sem ele corremos riscos. O medo é uma forma de proteção e parece que a maioria das pessoas se fazer valer disso pra tentar se proteger de um futuro desconhecido. Afinal, “quem tem cu tem medo” , né! O que não entendo ainda é porque nós seres humanos temos medo do que não conhecemos!
Deveríamos ter medo daquilo que conhecemos e temos certeza do que vai nos fazer mal!
Concordo com você quando diz que ter medo do que não se conhece é uma covardia, e a tentativa de controlar o incontrolável. Se o único controle que temos é acerca das nossas escolhas, o medo é uma escolha e talvez não seja das melhores, mas temos de nos responsabilizar por ela!
No entanto acho que não existe isso de escolher o que os outros querem pra você. O outro não escolhe por mim, eu escolho aceitar o que o outro diz ou não! E a responsabilidade é de quem escolheu!


Bem, é isso!
Beijocas

Anônimo disse...

Monica!!!!



Que maravilha!!! É isso mesmo...

A vida voa, meu Deus.

Medo todos temos, mas deixar de...por que acho que...

Ok...mas e se???? E se o quê, gente??? Vamos lá ver qual é!!!



Medos? Nossa...tenho vários, minha mente é lotada de todos os tipos de sentimentos, pensamentos, paranóias mas enfrento todos eles, me questiono, brigo comigo mesma. É uma guerra! Mas penso que pior do que o medo do desconhecido é não saber o que/quem está “lá” me esperando. Eu vou, ah vou...com o C na mão mas eu vou!



Porém confesso que mesmo com essa minha “valentia” preciso de terapia...



Bjs enormes, Libriana

Anônimo disse...

caramba! tive que ler 2 vezes. A primeira foi uma porrada por que é uma mudança de paradigma. Estamos acostumados e convencidos que o desconhecido amedronta. Passou um dia voltei e li novamente, achei fabuloso! como vc diz isso pode ser pensar que vou morrer pode ser libertador, mesmo que inicialmente aterrador.
Obrigado, por virar emu olhar de cabeça para baixo!
bj
C

Anônimo disse...

Moniquinha,

A vida realmente não para e exatamente por isto nós não podemos parar demais para pensar nos medos . A decisão tem que ser rápida ... Pular ou não pular na água gelada daquela cachoeira linda . Em 5 minutos vamos embora e se eu não der aquele mergulho agora pode ser que nos proximos anos eu não tenha esta mesma oportunidade ...neste lugar ... então ? ... e assim tudo vai passando e o relogio andando sem parar . Por isso nós temos que estar sempre atentos e ligados para tentar aproveitar todos os momentos que a vida nos proporciona . Momentos são únicos e não voltam e a vida é cheia deles. Temos que escolher aqueles que vamos aproveitar e tb os que vamos perder . Muitas vezes vamos nos arrepender de ter "pulado na água fria" e outras vezes vamos adorar ter feito isso . A vida é assim , sempre , e a cada minuto uma experiencia nova que cabe a nós decidir se vamos ou não experimentar.

Beijos,

Heyder

Barbara Tamburini disse...

"'Vamo' pular":
todo mundo tem medo, né? Claro,não foi dado ao ser humano o privilégio(ou a desgraça) de nascer com uma bola de cristal agarrada na palma da mão. Muito pelo contrário, como diz (e bem dito) a galera do ultraje nasce todo mundo nuzinho, pelado. Então que porra é essa de querer incessantemente uma coisa que não existe: segurança.Isso não existe e eu que sou uma medrosa na pele de corajosa tenho que entender isso e realizar meus sonhos. Sabe, é só o que a gente pode pela gente. Realizar nossos sonhos, botar pra quebrar nessa vida pq até segunda ordem é só essa mesmo. E sabe de uma coisa, como dizia Cazuza que era um puta ariano, essa coisa de ser certinho e segurozinho é pretensão de quem fica escondido fazendo fita. E essa é nossa vida.

Anônimo disse...

Moniquinha,
Alguém disse que o medo era algo necessário para dar vida aos corajosos. É só quando o vivemos, do alto da roda gigante, com aquele friozinho na barriga, é que damos o real significado para a experiência...é como um vício humano nascido da terrível frustração por sermos mortais. Sentindo medo, sentimo-nos vivos, defendendo a vida e , assim, valorizando-a como poucas vezes. Acho que foi por aí que lançaram aquela série de filmes "jogos mortais" rsrsrsrsr. Se não foi, dava bom script. Adorei o blog, está nos meus favoritos.
Bjs
Fernando Sodré

Anônimo disse...

lindo. adorei a imagem da vida como uma grande roda girando. Parabens.

Monica Guinle disse...

Sodré, adorei isso:"é como um vício humano nascido da terrível frustração por sermos mortais." Super poético. Bem bacana.
Convite reforçado, te espero aqui no blog; bjs

Anônimo disse...

Custei a postar um comentário aqui desta vez, né?! Mas é que eu realmente achava que existia sim medo do desconhecido. Mas não tinha argumentos suficientes para esta opinião. Achava e pronto.

Quando ouvi você pela primeira vez falar que não acredita em medo do desconhecido, que o medo é sempre medo de algo conhecido, confesso que fiquei assustada. Nunca tinha pensado nisto.

Aos poucos fui digerindo e vendo que é realmente assim, não há como ter medo de algo que não se conhece. Pode ter medo das consequências de quando se arrisca, mas consequências que você imagina que possam acontecer.

A princípio a pessoa pode até achar que o medo é do desconhecido, mas é claro que por trás disto se esconde o medo de algo bem conhecido, e deve pensar, sentir realmente este medo para conseguir desvendar do que é o medo, mas isto é só para os corajosos (assim como a terapia! Alías o que é a terapia, senão basicamente enfrentar os medos e se conhecer de verdade?!) .

Afirmar "tenho medo do desconhecido" e não parar e pensar do que é este medo é uma forma de nao se responsabilizar, de não ter que enfrentar suas inseguranças. Pôr a culpa no desconhecido é não precisar enfrentar seus medos reais e conhecidos e nem correr riscos. E aí fica acorrentado, preso, perdendo a chance de conseguir se livrar de obstáculos que impedem de ser melhor. Talvez seja uma forma de negar que se tem medo, pois se o medo é do desconhecido, não se tem medo de nada real.

Uma forma de se afirmar como corajoso?! Pode ser, mas que forma idiota, né?! Corajoso é aquele que enfrenta os obstáculos mesmo com medo. Coragem não é ausência de medo, pelo contrário! E livre é aquele que é capaz de se conduzir autonomamente na vida, ou seja, que é corajoso a ponto de querer saber de seus medos e mesmo assim ir em frente, não se oprimindo e olhando para si mesmo, fazendo escolhas, arriscando quando se está certo do que quer e consciente do que é o medo neste risco e não um "risco suicida"!

Fernanda P. D. Ferreira disse...

Tenho que discordar de você o título do seu texto...Se a vida fosse uma roda gigante, não teríamos medo, porque apesar de não sabermos quem vai entrar e onde vai parar, temos a certeza de seu percurso. As pessoas entram em nossas vidas e as vezes ela dá uma parada mesmo. Esse medo pode ser de quem são essas pessoas que entram na roda e assim nos protegemos. E se a roda parar, o passo seguinte é conhecido por todos, porque ela sempre vai dar voltas e voltas...
Prefiro pensar que a vida é uma montanha russa (bem a minha cara né? rsrs) Mas tenho uma explicação...A montanha russa é desconhecida, por mais que você olhe o seu percurso de fora, quando você está dentro nunca sabe o que pode acontecer no momento seguinte.Uma curva, um looping, um momento mais tranqüilo... Até mesmo na hora da subida que existe em todas as montanhas russas, dá um "medão" e só pensamos no que pode acontecer depois, mesmo sabendo que logo depois vai ter uma grande decida! Geralmente quem está do seu lado, é solidário a você.
Quando todo o percurso chega ao fim, sabemos que foi tudo bem e apesar dos sustos a nossa viagem foi um sucesso!

Bjs!

http://conversandogt.blogspot.com/

Anônimo disse...

Amei esse texto, vesti muito a carapuça! Eu sou super controladora e lendo o texto pude ver que não controlo nada, ai que medo.socorro!bjs

Monica Guinle disse...

Fernanda não sou chegada em montanha russa. Acho que se eu visse a vida assim, já teria pulado do carrinho!rsrsrs Gosto da imagem da roda girando, girando...
Concordo com vc, acho que avida tem momentos únicos é melhor aproveita-los. bjs obrigado