terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal



O Natal é uma data difícil pra quem já perdeu alguém que ama.
Parece que o vazio aumenta.
No meu caso, perdi aquele que ilustrava o natal.
Perdi Papai Noel!
Acreditei no Bom Velhinho até minha avó me beliscar e me dizer que atrás daquela roupa estava meu bom e querido avô.
Todo ano ele saía de casa cedo com alguma desculpa. E sempre na sua ausência, Papai Noel aparecia pra felicidade geral das crianças.
Como eu poderia não acreditar? O cara vinha da rua com aquele saco enorme. Ele recebia nossas cartinhas e sabia o que cada um havia pedido. Era realmente mágico!
O Natal era meu avô. E ele já se foi.
Fico mexida nessa época. Com a lágrima pertinho do olho, pedindo motivo pra escapar. Choro até vendo comédia infantil.
Saudade. Muita saudade.
Saudade de ser criança. De ter a família reunida. Sentir aquela energia de amor circulando entre todos. Saudades de acordar no dia seguinte e correr pra ver se Papai Noel tinha deixado balinha dentro da minha meia.
Hoje minha meia continua na lareira, e meu Papai Noel é minha porção mais generosa. Minha compaixão e minha vontade de ver quem eu amo feliz.
Aprendi com meu avô.
Feliz Natal pra todos!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sogras

Assunto espinhoso esse né?
É hours-concours detestar a sogra?
Toda sogra é uma mala?
Não acredito. Eu já tive uma sogra que era uma mãe. Maravilhosa. Tínhamos uma puta empatia. Acho que eu era a filha que ela queria ter tido.
Dizem os terapeutas de família que quando viramos meio filha da sogra, nos transformamos na irmã do marido. Faz sentido. E daí nasce uma louca ironia: será que é melhor que a sogra seja uma rival, assim continuamos no lugar da mulher?
Bom, não sei vocês, mas, prefiro ser mulher do meu marido e ter uma sogra sem noção, do que virar irmã do cara e perder totalmente o tesão.
Como psicóloga fica difícil não traçar paralelos edípicos e investigar minhas projeções. Se o cara tem uma mãe peruaça o que ele viu numa riponga como eu? Caramba! Será que existe vestígios de uma “barbie louca” em mim que até eu desconheço? Céus!!! Sai já desse corpo que não te pertence!!!!
Não sou psicanalista, mas, devo dizer que Freud acertou a mão quando criou essa teoria. É só olhar de perto nossas escolhas afetivas que estará lá: Pai, mãe, ou quem cumpriu esse papel. E se serve pra mim, serve pro parceiro.
O complexo de Édipo é elaborado através da identificação. Vou explicar, mesmo que seja reducionista: Amo meu pai. Meu pai é o namorado da mamãe. Se eu não posso ter papai, serei uma mulher como mamãe, pra ter um namorado como papai.
Cara, tô ouvindo o Freud se revirar no caixão com essa explicação. Fiz uma sinopse tão curta de uma teoria fantástica que ele ilustrou com uma tragédia grega!
O que uma filosofia barata sobre sogras não faz com uma psicóloga!rsrs
Vou abrir pra plenário. Vamos lá. Alguém tem uma teoria melhor sobre sogritas, ou a origem das nossas escolhas afetivas?





sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Me diga o que é melhor? Navegar ou ficar a ver estrelas?

Bárbara é minha ilustre convidada para falar sobre... Ira? Ou, quem passa a vida á ver navios...

Por Bárbara Tamburini

Primeiro, gostaria de dizer à vocês que eu “mudei totalmente o rumo da minha prosa”. Este era para ser um texto sobre ira, raiva, tudo o que implode a gente. Mas é que hoje eu me dei conta de uma coisa muito doida que teima em acontecer comigo.
Eu estava conversando com um cara que eu admiro muito pela sua generosidade, mas apesar de toda essa admiração, eu sempre senti que esse cara tinha uma trava. Sei lá, é como se apesar de ser muito generoso, ao mesmo tempo fosse muito mesquinho consigo mesmo. É paradoxo, mas surge em mim toda vez que a gente fala sobre a vida. Como se fosse uma inflexibilidade consigo; a palavra é travado mesmo, não tem outra melhor. Quando olho para ele me vem sempre a mesma metáfora: deu a largada e o homem não foi... Travou. Não sei se vocês conhecem alguém assim, mas comigo não sei se é Karma, ou o que, mas essas pessoas vivem aparecendo no meu caminho. Em todas as esferas: clientes, parentes, amigos, homens etc... Confesso que isso me enche de raiva. Fico furiosa, irada! Como assim? O cara consegue a polly posicion e desiste de largar,...( três pontos em homenagem ao palavrão que eu gostaria muito de registrar aqui, mas por razões óbvias acho melhor não dizer...). Nunca consegui entender.
Apesar de tudo isso me fazer pirar, eu não sou de desistir. Acho que quanto mais a gente varre para baixo do tapete, mas o lixo espalha. Então, eu decidi fazer duas coisas: a primeira é escrever, pensar sobre o assunto. A segunda, é compartilhar com vocês esse pensamento.
Lendo um texto de Freud, que se chama “Arruinados pelo sentimento de êxito”, me dei conta da seguinte frase: “(...) a auto-sabotagem é inerente. É como uma marca, existente no organismo humano. Mas, como nós médicos bem sabemos, nem toda genética se manifesta. Para mim, desculpem-me a audácia, o que traz à luz essa marca é o ressentimento.” Bingo, bingo, bingo!!!! Alguma coisa se iluminou para mim neste momento. Um oásis em meio ao deserto. Pensei: então, o sujeito toma uma porrada da vida, uma dessas bem doídas (cada um pode imaginar o que quiser). Dói pra burro. O sujeito não consegue lidar com o sofrimento, a mágoa se torna muiito profunda. Aí, vira ressentimento. Até aí tudo bem. O problema é o seguinte: esse mesmo sujeito vive uma coisa que se chama vida, que é incontrolável, imprevisível(desculpem-me os controladores, mas é!!). Provavelmente, ele vai Ter que passar por outra situação que envolva risco, conflito, confusão.... aí, o sujeito vai e trava o canal. Engarrafa o cosmo, com medo de doer, medo de sofrer. “Ai, eu não sou capaz”, “vou sofrer”, “deixa pra lá”. Eis a auto-sabotagem. Para mim, isso é desistir de viver. Desistir de tentar, desistir de se arriscar. Agora me digam pra quê? De que adianta a gente tá aqui se não for pra se envolver com a vida, com os outros, com o mundo? Assistir essas pessoas medrosas me coloca em contato com a minha ira mais profunda. Principalmente, quando esse “engarrafamento” me atinge. Porque aqui nesse mundo tudo tem um efeito dominó. O que um faz resvala no outro e assim vai. E o pior é que pode atingir o outro em proporções até maiores do que vai atingir quem começou com a brincadeira.
É, acabei falando sobre a minha ira, mas, o que eu queria dizer é que, gente, a vida é curta, não atravanquem o caminho, pelo menos não o dos outros. Se não for pra andar, saiam da pista. Subam uma montanha e virem uma árvore. Não ficariam no caminho e ainda ajudariam a purificar o ar.
Do que adianta ficar a ver estrelas com os pés plantados no chão. Não sei vocês, mas eu prefiro navegar....
bjs a todos..


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Conto de fadas sec 21



Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas, uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...

E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: 'Nem fo..den..do!'.

(Luís Fernando Veríssimo) >

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mentira







Quando a mentira pode ter um bom uso?
Sou fã de House, que passa toda quinta no Universal chanel às 11 da noite. O médico mais charmoso da tv acredita piamente que todos nós mentimos. Eu também. Não acredito em quem diz que não mente. Mentimos no mínimo, pra nós mesmos.
No episódio da quinta passada House descobre que um de seus médicos está sendo traído pela esposa e é aí que um bom debate sobre mentira se instaura. O médico em questão havia renunciado sua carreira como cirurgião plástico para que sua traição não fosse descoberta pela esposa. Agora era a traição dela que estava em questão e ele hesitou em saber a verdade.
A questão é: quando saber a verdade causa dor ela serve pra quem?
Se for pra aliviar a culpa de quem pisou na bola, é um ato de egoísmo e não de bom caratismo, concordam?
Eu não sei vocês, mas no meu caso, se alguém me engana e se arrepende, prefiro ser poupada. Conheço minha pouca tolerância para franqueza alheia e prefiro não saber. Não é uma intolerância intelectual, pois se fosse assim, conseguiria entender e elaborar qualquer tipo de traição. Não acredito racionalmente em exclusividades, acho até que nós seres humanos seríamos mais felizes dividindo, repartindo o amor, não fosse o sentimento irracional de posse. Minha intolerância é emocional. Simples assim: Se fizer, faz direito, pois se souber, você morre pra mim! “Mulheres a beira de um ataque de nervos”, perde!
Um bom mentiroso tem que ter boa memória, caso contrário ele mesmo se desmascara. E isso é trágico! Mentir dá trabalho e gera culpa, a menos que você seja um mega cara de pau, tipo Pinóquio. Mas até ele tinha aquele Grilinho Falante, pra lhe dar uma situada quando passava do ponto.