É interessante esse exercício
de conectar com desejo. Invariavelmente no consultório eu faço esse mesmo
exercício com meus pacientes. Observando-os girar atrás do próprio rabo, sem
saber ao certo o que estão buscando, eu proponho, assim como um arquiteto, que
façamos juntos um desenho.
Começamos então a rabiscar um
pouco desse desejo até que ele assuma uma forma. Como uma tela em branco que
aos poucos ganha contornos até mostrar uma figura.
Quando a tal figura aparece,
fica fácil ir pro mundo a sua procura.
Agora tô eu, aqui sentada na frente desse computador
tentando desenhar um desejo e ver se ele se aplica a realidade.
Meu desejo começa com uma
fome de estreia, uma vontade de ser estrangeria. Olhar uma paisagem nova, me
sentir insegura nas estradas desconhecidas, sair da zona de conforto.
Uma nova formação me daria
isso? Uma viagem? Um novo grupo de estudos? Algum curso de arte no Parque lage?
Cursos... já deixaram de ser grandes novidades
para mim, viraram rotina! Ok! Vamos viajar então.
Estar em terra desconhecida
me tira do eixo, me faz perceber o quão
pequeno somos, me faz rever minhas verdades, prioridades, minha rotina.
A figura aos poucos vai
tomando corpo, decodificando a vontade de redefinir minhas fronteiras.
Quero calor, sol e vento
batendo no rosto. Quero a sensação de movimento. Não quero me sentir sufocada
por grandes centros urbanos.
Quero levar as crianças
comigo. Por pura onipotência de não confiar em ninguém para deixa-las aqui.
Bom! Vou dormir agora com o
desejo pontilhado. A vontade rascunhada. Quem sabe meu inconsciente inquieto, me ajude a
encontrar um destino?