Em nossa busca frenética por conexão humana, costumeiramente pavimentamos o caminho de olho na promessa de estabilidade, construindo uma estrada segura de previsibilidade e constância. Mas será que essa busca constante por segurança pode sufocar o campo erótico entre duas pessoas? será que tanta necessidade de estabilidade está nos custando a pulsão do desejo?
Convido você a desacelerar por um momento, a observar o amor em sua essência: um mistério que nunca se revela por completo. Essa insistência em conhecer (as vezes controlar) cada detalhe do outro talvez não passe de uma tentativa de anestesiar a curiosidade que, no fundo, mantém o relacionamento vivo e pulsante.
E se ao priorizarmos a estabilidade e a segurança, acabarmos criando uma imagem idealizada de nossos parceiros, muitas vezes ignorando suas verdadeira complexidade e autenticidade? Fazendo isso, acabamos vivendo ao lado de uma versão editada da pessoa amada, baseada em nossas próprias necessidades emocionais.
Abrir mão de um controle que nunca possuímos realmente é conceder ao amor um espaço para respirar. É permitir que ele se desenvolva de maneiras imprevisíveis, mas sempre fascinantes. O desafio do relacionamento está nesse equilíbrio incomum: manter a individualidade dançando no mesmo passo que a vontade de fusionar com o outro.
E talvez, apenas talvez, a verdadeira coragem no amor não seja construir muros de certeza, mas manter portas abertas ao inesperado. Encontrar beleza na mudança, segurança no desconhecido, sabendo que o toque do novo pode reacender o que pensávamos ser permanente.
No cotidiano, essa dança entre estabilidade e desejo pode ser encontrada nos mínimos gestos – na conversa inesperada que vira a noite, no olhar que descobre uma nova camada de quem achávamos conhecer. Porque amar verdadeiramente é, talvez, a mais bela forma de arte imperfeita que existe.
A estabilidade pode ser confortável, mas é nas brechas do cotidiano que o desejo faz morada. E talvez, ao final de tudo, o que buscamos seja justamente isso: um amor que, é um constante reaprender do outro, sem jamais perder a sua essência avassaladora.
Porque, no final do dia, preservar o desejo é abraçar o paradoxo do amor: um território onde estabilidade e liberdade dançam em um belo desafio, onde cada dia oferece um novo olhar de conhecer e ser conhecido.
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