quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sonhos: Condição primária de sobrevivência do Indivíduo.

Por: Destemido Walace


O que me faz sentir vivo?
Primeiro gostaria de dizer que vou encarar essa pergunta como “o que me faz extremamente feliz?” ou mesmo “O que me faz pensar que vale a pena viver?”
Para esta pergunta há várias respostas obvias, de vasto conhecimento e aceitação popular, que até mesmo pelo seu acesso fácil e uso banalizado perderam por assim dizer seu valor original. As respostas seriam algo como “estar apaixonado” ou “o amor” ou mesmo “A realização dos nossos sonhos”.
Pois escolho a última resposta – a realização dos nossos sonhos – como algo que me faz sentir vivo. Porém pretendo tentar resgatar o real valor que esta resposta tem e porque não ousar até redimensioná-lo.
Os sonhos são comumente conceituados como aqueles desejos praticamente impossíveis de alcançar, ou que só alcançaríamos mesmo num “sonho de verdade”, daqueles que temos quando estamos dormindo. No dicionário podemos encontrar varias definições que também nos supõe a dificuldade de realizar um sonho, são elas: utopia; ficção; fantasia etc.
Mas da onde vem esse desejo tão difícil de ser realizado? Porque temos sonhos? Afinal se realizá-los é tão difícil eles seriam muito mais um fonte de frustração do que de felicidade. Por que então, todo o ser humano não hesita em dizer que tem um sonho e chega muitas vezes a abrir um sorriso só de pronunciá-lo em voz alta?
Tenho uma teoria sobre isso. E essa teoria parte da premissa de que ser feliz é uma questão de sobrevivência. A primeira vista essa afirmação parece ter sido tirada de um livro de poesias e soa demasiado romântica pra ser levada a serio. Posso afirmar porém, que trata-se até mesmo de uma afirmação cientifica.
Não é novidade que o estado de nossa mente influi diretamente no nosso corpo, que uma pessoa em depressão, por exemplo, tem as defesas do corpo debilitadas. Podemos ir até mais longe parafraseando Jayme Ovalle e dizer que “o câncer é a tristeza das células”.
Bom o inverso também é verdadeiro. Ou seja, uma pessoa feliz costuma gozar de uma saúde melhor do que uma pessoa em depressão, o funcionamento do organismo fica mais equilibrado.
Dessa forma concluímos que a felicidade pode ser encarada, do ponto de vista biológico, como um fator de sobrevivência. Ou seja, da mesma forma que nosso paladar nos diz que uma comida estragada tem um gosto ruim, pra que nós “instintivamente” saibamos que aquele fruto pode representar um risco pra nossa sobrevivência, os nossos sentimentos nos avisam que estar triste também é ruim, pois representa uma ameaça a nossa vida debilitando as defesas do organismo. Logo, ficar feliz é bom porque faz bem. Obvio não é?
Mas, como os sonhos entram nessa história? Da onde eles vem? Não sei se já parou pra pensar, mas quando você nasceu ninguém perguntou o que queria fazer da vida, nem se preocuparam em descobrir que tipo de pessoa você seria e que coisas poderiam deixá-lo feliz, até porque você não saberia responder. Mas o fato é que quando nascemos nos já correspondemos no mínimo aos anseios mais profundos e já temos uma lista de expectativas a cumprir perante um pai e mãe. Já viemos ao mundo fadados a suprir expectativas alheias e não as nossas. Isso na melhor das hipóteses, pois às vezes o nosso nascimento pode corresponder até ao “pesadelo” de alguém.
Enfim, o fato é que Ninguém falou pra você “olha, na vida, você só tem um dever: ser feliz, então vá descobrir como ser feliz”. Então nos passamos a agir como esperam que a gente aja. Só que a natureza é sabia. Ela te dá de bandeja o seu meio de ser feliz. Sabe qual é? O sonho. Nos ficamos tão ocupados atendendo expectativas alheias que esquecemos de olhar pra dentro e descobrir quais são nossas próprias demandas para felicidade, logo para a sobrevivência. Donde concluo que os sonhos não passam do seu instinto mais primitivo de sobrevivência, que uma vez deixados de lado, esquecidos pelos próprios sujeitos sonhadores, ganham essa triste conotação que está hoje no dicionário – fantasia, ficção, utopia. Preferia abrir o dicionário e ler “sonhos – condição primária a sobrevivência do individuo”.
Então respondo que sim, se tem algo que me faz sobreviver, que me faz sentir vivo, que me faz feliz e me faz pensar que vale a pena viver, eu posso chamar isso de sonho, seja ele qual for. Sonhem e Sobrevivam!

Destemido Walace.

7 comentários:

Anônimo disse...

Muito lindo o texto!
É até poético!
Se tem uma coisa importante que eu pude captar nesse texto é que o Destemido Wallace está vivendo intensamente o seu presente para concretização de seu sonho, caso contrário ele corre o risco de não estar ai pra vê-lo realizado!
Parabéns ao destemido Wallace!
Beijos
Marcinha

Anônimo disse...

E é isso...pra encararmos nossos sonhos temos que ser destemidos mesmo!

Olharmos pra dentro, nos desvincularmos desses estereótipos escrotos (pode falar palavrão aqui?), nos realizarmos, buscarmos o que NÓS queremos e não o que querem da gente!



Só os corajosos escolhem amar, só os corajosos escolhem sonhar e só esses realmente conseguem experimentar a tal da felicidade! Isso é viver!



Amei (pra variar). Parabéns!



Muitos beijos, Joana

Anônimo disse...

Poético científico. Muito bacana!
Parabens a galera que escreve nesse blog, os textos são ricos e sempre mostram facetas diferentes para refletirmos. Estou amando.

Anônimo disse...

Pra reforçar...Destemido..li num livro do Eduardo Giannetti esta frase..que me inspira muito..fazendo viver cada dia meu objetivo.. que é um "sonho" com data marcada! A frase é "os sonhos secretam futuro" e isso é meu mantra para fazer de hoje a realização do que quero que aconteça amanhã...
teu txto me soa familiar, me fez lembrar minha analise.. parabéns!

Anônimo disse...

Se um dia parar de sonhar a vida ficará em preto e branco! Se parar de correr atrás dos meus sonhos, perco o sentido pra vida.
bjs

Anônimo disse...

Lindo texto, nunca havio pensado que sonhar poderia ter essa conotação. parabens ao Destemido Wlace. Que nome!
bjs

Anônimo disse...

Bacana essa idéia. obrigado por vc e seus convidados. Sempre mt bom vir aqui e ler textos tão bonitos, sensiveis, inteligentes, engraçados. Adoro.