quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O Novo, O velho e o Criativo

Andamos pra frente olhando pra traz. Se traçarmos uma reta do passado para o futuro veremos que andamos em direção ao futuro mas estamos de costas para ele. Tipo Michael Jackson dançando break.
Nosso olhar está voltado para o caminho que percorremos e não para o que iremos percorrer. Quando estamos vivendo uma situação nova, onde buscamos suporte? Nas situações que já vivemos.
Muitas vezes esquecemos de atualizar os arquivos e reproduzimos comportamentos que funcionaram no passado, mas que estão ultrapassados para serem usados no aqui e agora.
Nossas defesas são criadas mais ou menos assim: Em algum momento precisamos nos fechar para não sucumbir a uma dor, e aí descobrimos que sobrevivemos. Bem até!
Daí em diante nosso cérebro arquiva: “se me fechar, não faço contato com a dor”, e transforma esse mecanismo em solução universal.
Esquecemos que junto com a dor ficam de fora outros sentimentos também. É impossível isolar um só.
A dor é sempre proporcional ao amor. Se amo muito, quando perco, dói muito. Se não amo ninguém, não sentirei dor quando partirem. Mas não conhecerei o amor, o prazer, a troca.

Quando olhamos para o futuro vemos uma tela em branco. Isso muitas vezes dá medo, gera angústia, ansiedade, pânico.
Eu gosto de brincar com a possibilidade de me reinventar, poder ser quem eu quero, sem tantas manias e neuroses. É difícil desapegar de velhos hábitos.
Não tenho compromisso nenhum de ser a mesma o tempo todo. Me permito criar a mim mesma. É bom demais se surpreendida por um novo sentimento e não ter medo de compartilhá-lo. Antes tinha vergonha de dançar, hoje danço mesma que sozinha, antes não ia com a cara de fulalo, hoje somos grandes amigos, ontem eu odiava novela, bom, continuo odiando.. quem sabe um dia, assisto uma de cabo a rabo, feliz da vida!
Afinal, pra onde vai nossa capacidade criativa quando nos tornamos adultos sérios e comprometidos com a caretice do mundo?
Temos que trabalhar se quisermos sobreviver, mas quem foi que disse que trabalho é sinônimo de frustração, sacrifício, blá, blá, blá...

Fica aqui a sugestão: quando se olhar no espelho pela manhã, descubra um novo ângulo seu, uma expressão nova, uma careta, um personagem. Vamos pintar uma tela que possa ser reinventada sempre que tivermos vontade!

12 comentários:

Anônimo disse...

Boa!!!

Texto super gestaltico!
Vou fazer a experiência do espelho de manhã! sobretudo o das caretas! kkk
Muito maneiro!
beijocas
Marcinha

Renata Escarlate disse...

Sua criatividade? Pra onde canalizar?

Vc faz isso com maestria: nesse blog muito bom pra caral.......

rssss

Concordo em gênero, número e grau qu "nossa criança" precisa aparecer em forma de autenticidade na idade adulta.

Padrões fixos não nos ajudam a lidar com as nada fixas situções da vida.

Eu sempre gosto de pensar que as únicas coisas que se repetem em nossa vida são as lições que a vida tenta nos ensinar e teimamos em não aprender. Quando aprendemos, elas mudam e vamos nós lidar com coisas novas!

Cheiro de novo é um desejo mutio bom pra gente fazer pros nossos amigos, né?

Então, Mônica, muito cheiro de novo pra sua vida, sempre!

Beijo carinhoso, Rê

Anônimo disse...

Nossa! Quantos temas num só texto e quantas dúvidas, angustias, relevações, quanto do quanto para, talvez, se chegar a conclusão de que o novo e o velho estão entrelaçados, num espiral...eu não vejo a intensidade do Amor como algo diretamente relacionado a dor por uma partida. Vejo o Amor como a capacidade de, no momento necessário, se desprender...sem dor. Ontem vi Closing the Ring, com a Shirley Maclain e o Christopher Plummer, uma história linda que justamente expõe esta relaçao que você menciona, segredos, promessas e revelações, numa ética e honradez que hoje, infelizmente, não se vê mais...bem, com certeza vou acordar amanhã e ver outro ângulo, quem sabe se um fio de cabelo nascendo...beijo, do Figura.

Anônimo disse...

Na dor sou capaz de criar
Nela restauro o velho
Quando aprendo lições com ele
Transformo tudo de novo...em novo!
O velho com um toque de atualidade
Não é fixo
É belo
Torna-se maleável
Oportunidades diferentes surgem
Percebo novas cores na minha tela
Aquela árvore
Aquele prédio
Aquela pessoa
Aquele detalhe
Que sempre estiveram ali, e nunca enxerguei
Agora fazem parte do meu dia-a-dia
Viva ao velho
Renovado
Experiente
Meu suporte flexível
Ajuda-me a viver com amor,
Com esperança
A percorrer o caminho de um futuro incerto
A doce incerteza
Que me faz pensar
Sonhar
Fantasiar
A irônica incerteza
A culpada pelo meu reinventar.


Beijocas! :)

Fernanda P. D. Ferreira disse...

Acho que a gente olha um pouco pra traz porque somos feitos de nossas experiências, como você bem disse no texto. O bom é poder mudar quando der na telha, o ruim é mudar muito e as pessoas ficarem espantadas. Mas e daí? Se fica feliz assim, isso que importa! É bom olhar pra traz e ver os momentos felizes que vivemos, escutar uma musica antiga, ou ver fotos, escutar historias de nossa infância, ou as besteiras que fizemos. Mas também é muito bom conversar sobre alguma coisa boa e ter ataque de gargalhada, brincar, apesar de ser adulta. Isso é criatividade! Estamos sempre reinventando coisas pra vida não se tornar monótona.
Kisss

Unknown disse...

gente, definitavamente: vc eh a nova marta medeiros rsrs
beijocas!!

Anônimo disse...

Bom texto, essa do michael Jackson foi ótima. você tem um humor muito gostoso.
Essa mistura de profundidade, inteligencia e humor, fazem deste blog uma pérola rara.

Anônimo disse...

éééé bom.... ok ok ok... hmmm...

bom, a seguir cenas da proxima sessao... ahahahhah

beijos!

Anônimo disse...

maravilhoso, puta que pariu!!!! bom demais. era tudo que eu precisava ler neste momento da minha vida. amei.

Anônimo disse...

Texto tatal psi. adorei. Faço terapia ha anos e achei legal ver o outro lado da coisa. bjs

Anônimo disse...

tudo que ja foi dito...define bem meus sentimentos ao ler esse precioso ,simples e pequeno texto...lhe agradeço e lhe envio um beijo generoso....

Anônimo disse...

Caro Destemido Walace e demais colaboradores,

Estréio aqui nesse espaço movido pelo calor do momento, pois o assunto proposto me toma grande fração do pensamento durante um período de pouco trabalho - como poderia não atender a mente ociosa ao chamado de um coração insistente? Me recupero de uma crise que começou disfarçada de crise matrimonial. De certo que não era! O buraco era bem mais em baixo, a crise era dos a dos 40 (um ano atrasada, devo dizer). Na preocupação do destemido colega com a forma de casamento descrita reside uma arapuca que deve ser identificada e destruída ciclicamente, pois se casamos por amor, e eu me casei por amor (embora assustado pelo desconhecido mundo que mergulhava de cabeça) e ainda amo e desejo loucamente a mesma mulher, por que me separei? Arapuca! Ao longo dos anos a vida exige que você se dedique a tantas coisas que acabamos não prestando atenção e deixamos de cuidar daquilo que nos uniu: O amor. Sim, atribuindo ao outro frustações e inseguranças e acabamos vivendo uma projeção de nós mesmos. E por que? Porque conviver é difícil pacas, com contas, crianças pra criar, sucesso pra alcançar e todo mais o resto. Dividir o banheiro não é ruim - já o usamos de formas muito interessante... Finalmente explodi num ataque nervoso e joguei tudo na conta do casamento, resultado: Vou ter que reconquistar a minha amada, ela que num gesto de bravura, mesmo desacreditada, me jogou na cara as verdades que revelaram a arapuca. A falta de diálogo mata o amor.
(24/3/2011 21:52:26)